“ESTENDE A TUA MÃO AO POBRE” (Eclo 7,32), é um lema na força do sinal e no gesto de proximidade, solidariedade e amor, convite à responsabilidade e ao empenho num constante coenvolver-se. O contraste é conservar as mãos nos bolsos, sinal e gesto do não se comover e nem se converter aos pobres. Portanto, “ESTENDE A TUA MÃO AO POBRE” torna-se um “código sacro que deve seguir na vida”, “porque os pobres estão e sempre estarão conosco (Jo 12,8) para nos ajudar a acolher a companhia de Cristo em nosso cotidiano”.
Os pobres fazem parte de uma paisagem normótica da indiferença, invisíveis nos refugos humanos dos processos da ordem, do econômico e da globalização. Inteiramente descartáveis, são demais, quando para nós, deveriam ser menos do que o “nós” das bolhas dos alphavilles solipsistas na globalização da indiferença.
Nesta indiferença, perdemos o “dom das lágrimas” e empedernimos diante do drama dos outros. Não interessamos e, tampouco, cuidamos uns dos outros, pois a responsabilidade é de outrem. Na Igreja, também fomos tomados por esta indiferença, onde os clamores dos pobres são sombras. O Papa Francisco realça em sua mensagem para este dia, que “não podemos condicionar ao tempo disponível a projetos privados ou mesmo aos projetos pastorais e sociais desencarnados”. A Igreja deve ser vanguarda, no exercício de sua maternidade, que acolhe e ampara. Dá-lhes voz, comunidade e continua a caminhar com eles. Para tal, exige-se uma kenósis e treino diário.
A mensagem do Papa Francisco, para o IV Dia Mundial dos Pobres, é profundamente instigante, pois, cada um de nós é necessitado de uma mão estendida. Ele é assertivo ao desafiar a comunidade cristã e, a todos, para prestar atenção, refletir, rezar e estar com os pobres e viver a pobreza evangélica. Não destoa do I Dia Mundial dos Pobres, cujo Lema foi: “não amemos com palavras, mas com obras” e pergunta: Como podemos contribuir para eliminar a marginalização e o seu sofrimento?
Sem açambarcar e resolver os problemas do mundo todo e de todo mundo, o Dia Mundial dos Pobres é um toque para o exercício da misericórdia, na solidariedade com testemunho e com gestos concretos de partilha, das mãos estendidas para o abraço fraternal e sororal.
Na mão estendida, indigna-se com a cultura da indiferença, do desperdício e do descarte. O olhar no essencial e a mão solidária estendida gestam e cultivam a cultura do encontro e do cuidado.
Então, “no final do meu caminho me dirão: E tu vieste? Amaste? E eu, sem dizer nada, abrirei um coração cheio de nomes” (Dom Pedro Casaldáliga).
Que os Santos dos Pobres, Francisco de Assis, Clara, Antônio, Vicente de Paula, Isabel, Frederico Ozanam, Martinho de Porres, Dulce dos Pobres sejam inspiradores no discipulado de Jesus a Ver, sentir compaixão, estender a mão e cuidar deles, os pobres, todos os dias.
- O QUE NÃO PODEMOS ESQUECER?
- Que todo XXXIII Domingo do ano litúrgico celebra: O DIA MUNDIAL DOS POBRES.
- Ele é a preparação para festa de Cristo Rei, que se identifica e mistura com os pobres (Mt 26, 31-46)
- Ele é precedido de uma jornada.
- O QUE SE PRETENDE COM ESSE DIA?
- Ele é extensão do Ano da Misericórdia (2015-2016). É um jeito de testemunhar com obras.
- A misericórdia não é um apêndice na vida da Igreja, mas sua condição existencial no toque humano do Evangelho.
- O QUE SE PROPÕE?
- Ver o pobre como meu irmão e minha irmã, alguém que não me estranho.
- Estimular a cultura do encontro e do cuidado.
- O QUE EVITAR?
- Que seja um episódio, um evento
- Não os romantizar
- Que seja apologia à pobreza ou celebração da pobreza
- Que seja lugar de nossa vanglória ou de nossas obras meritórias
- Moralizar os pobres, olhar por cima dos ombros
- De ver o pobre em sua pobreza material, são sujeitos sociais, culturais…
- O QUE VIVER?
- O toque nas chagas do próprio Cristo
- A mão estendida
- Os toques inspiradores do Evangelho
- A alegria das mãos estendidas, na casa e na mesa comum
- A certeza de que irmão não tem tamanho, não tem idade, não tem nacionalidade
- O QUE APRENDER DOS POBRES?
- A RESISTÊNCIA
- A SOLIDARIEDADE
- A ESPERANÇA
- QUEM SÃO OS POBRES, Onde e Como vivem?
- Primeiro fato: pobres é no plural, não é mera abstração, são pessoas (rostos), nomes, histórias de vida.
- São índios, negros, quilombolas, ribeirinhos, favelados, biscateiros, travestis, prostitutas, transsexuais, homens, mulheres e meninos em situação de rua, sem teto, sem-terra, desempregados….
- Onde eles dormiram esta noite? (G. Gutierrez).
- O que comeram?
- Não posso dormir em paz, pois nesta noite, em Barreirinha(AM), muitas crianças dormiram sem comer (Thiago de Mello).
- Vivem com medo (da violência, das pessoas…
- REFLETIR:
- O que é você dormir num espaço onde dormem 50? Dos quais você não sabe o nome? Nem de onde veio?
- O que é você usar o banheiro, onde 10 passaram antes de você? O que é você usar um banheiro sem portas? Onde você não tem intimidade?
- O que é você tomar banho na poça da enxurrada?
- O que é você não ter sabão?
- O que é não poder comer o que se quer, mas receber o que te dão e geralmente restos?
- O que é você não poder comer um doce?
- VOCÊ TEM AMIGOS POBRES?
- COMO A DIOCESE DE SETE LAGOAS CELEBRA O DIA DOS POBRES?
- a) Convite de estímulo para cada Paróquia
- b) Em sete Lagoas,
- Em 2018, a catedral abriu a Semana Social
- A Paróquia Nossa Senhora das Graças celebrou o dia com almoço.
- A Paróquia do Divino abriu ao encontro e banho.
- A Paróquia Santa Luzia fez a geladeira comunitária.
- c) NESTE ANO DE 2020.
- a) Convite feito à Diocese, por meio das redes sociais.
- b) Almoço com os pobres, dia 15/11, na Paróquia de Nossa Senhora das Graças.
- c) Almoço com os pobres, dia 22/11, na Paróquia de Santa Luzia.
- d) Encontros vias online, sobre o dia Mundial dos Pobres:
- 03/11 – O dia Mundial dos Pobres na nossa Igreja (surpresa, quase ninguém sabia, em diversas dioceses).
- 10/11 – Pessoas em situação de Rua, com Renilson Sj.
Estende a mão ao seu irmão (Eclo 7,32).
Num convite a olhar, ouvir e socorrer, pois DEUS VÊ, ESCUTA, DESCE, LIBERTA, ABRAÇA E BEIJA.
Padre Warlem Dias – Assessor da Comissão para a Promoção Humana e Ecologia Integral
(Diocese de Sete Lagoas)