No último domingo (17), a Diocese de Sete Lagoas celebrou, às 10h da manhã, na Catedral de Santo Antônio, a missa que marcou a abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos (2021-2023) convocado pelo Santo Papa. A celebração foi presidida por Dom Francisco Cota e contou com a participação dos vigários forâneos, além de leigos e representantes de pastorais e movimentos.
A homilia
A partir das leituras e do evangelho dominical, Dom Francisco introduziu a proposta do Sínodo dos Bispos. Segundo o bispo diocesano, o Papa Francisco deu à igreja a Constituição Apostólica, a “Episcopalis Communio” (“Comunhão Episcopal”, em tradução livre), que abrirá mais espaço aos fiéis neste processo sinodal que transcorrerá ate outubro de 2023, para onde serão levadas as contribuições ouvidas de cada realidade eclesial, presente no mundo inteiro.
O bispo afirma que, para ele “não existe autenticidade na vida da igreja fora da comunhão episcopal”. Explica que a comunhão episcopal não deve ser entendida “no sentido do poder que gera a opressão, mas no sentido de uma autoridade colocada hierarquicamente para que a Igreja não perca sua comunhão”. Segundo ele, “este sínodo deverá ser um tempo de reafirmar que esta autoridade hierárquica que não deve ser instrumento de poder humano que reprime, mas que existe para que a unidade e a comunhão sejam preservadas”.
Dom Francisco ressaltou que “os documentos sinodais indicam que “os sínodos se prestam à três questões essenciais: aprofundamento da doutrina, reforma das estruturas e indicações pastorais. Além de cumprir estas três finalidades ele virá para trazer um tempo de aprofundamento doutrinário, orientando a Igreja na sua prática pastoral de evangelização, de manter a unidade na diversidade”. Assim afirma que:
“Não precisamos ter uniformidade na Igreja mas, não pode faltar a UNIDADE. Podemos ter “o diferente” na vida da Igreja mas não podemos ferir a COMUNHÃO. Não podemos ter grupos e pessoas que usam o nome da Igreja para agir em interesse próprio e não dentro do Espírito verdadeiro de comunhão.”
Continuando sua reflexão, Dom Francisco chama a atenção para a importância da “comunhão que gera participação”. Segundo ele “as estruturas da nossa Igreja precisam incentivar a PARTICIPAÇÃO como um todo. Sendo Cristo a cabeça da Igreja, a participação efetiva de todos os batizados estão ligados ao seu corpo místico pelo batismo”.
Esta participação não deve estar pautada na competição. Onde há competição é sinal que não há espírito generoso de serviço e sim busca pelo poder. Se há competição, morreu o espírito de serviço. É a chamada “tentação do espírito dos filhos de Zebedeu, que buscavam destaque. E esta tentação pode atingir a todos : bispos , padres, religiosos e leigos dentro do contexto eclesial.
Para acontecer a verdadeira evangelização no contexto ministerial é preciso que “o espírito dos filhos de Zebedeu seja negado. O papa está preocupado com o clericalismo, onde os sacerdotes se acham mandatários na vida da Igreja. Ele se diz incomodado e critica quem usa o ministério para as estruturas de poder”.
Finalizou dizendo “‘que é preciso escutar sem medo, de coração aberto. Mesmo que venha nesta escuta coisas que não estamos como Igreja, preparados para escutar. Escutar para incluir, para converter, vivendo na nossa autopreservação. Escutar que é católico, quem não é católico, quem não está motivado. Às vezes esta escuta será difícil mas nos ajudará a incluir”.
O Papa Francisco nos diz que precisamos ser uma Igreja caminhante seguindo a Cristo. Precisamos ser uma igreja Sinodal que una forças para se fortalecer na caminhada e fazer acontecer nossa missão de levar o anúncio e a graça da salvação à todos. Jesus primeiro acolhe, escuta e discerne. Precisamos ajudar a igreja neste processo a discernir, para sermos mais autênticos na nossa fé e na nossa missão.
Equipe Sinodal Diocesana

A equipe sinodal diocesana, será coordenada por Padre Hélio Oliveira e composta por leigos, religiosos e padres, e parte dela foi apresentada durante a celebração.
Eles já estão trabalhado na articulação para que o processo de escuta na diocese atinja o objetivo proposto pelo Sínodo: escutar a todos, sem exceção, mesmo aqueles que se encontram afastados.
Muitos devem ser os esforços até o mês de março de 2022: proporcionar formações e métodos para as comunidades paroquiais realizarem a escuta, criar meios acessíveis e descomplicados visando a participação de todos, bem como animar todas as realidades eclesiais a caminharem juntas na etapa diocesana do Sínodo.
Veja a homilia na íntegra: