Comunicação e paróquia: alguns pontos básicos e concretos

1 – Paróquia: espaço sagrado de comunicação da fé

A palavra “paróquia” vem do substantivo grego paroikía e do verbo paroikêin, que significa viver juntos, ou ao redor da casa. Até o século IV, não existiam paróquias, apenas as catedrais, que ficavam nas grandes cidades, porque o cristianismo era essencialmente um fenômeno urbano. A catedral era administrada pelo bispo, auxiliado por sua equipe de padres, que pregavam, celebravam e administravam os sacramentos. A partir do século V, com a oficialização do cristianismo como religião do império romano, surgiu a necessidade de descentralização. Em razão das distâncias geográficas e do crescimento do número de cristãos, foram marcados territórios, nas aldeias e cidades menores, para cada padre exercer o seu ministério, os quais ganharam o nome de paróquias.

A paróquia é uma célula da Igreja de Jesus Cristo e precisa de cuidados e criatividade para não morrer solitária. Com a mudança de época, a partir do Concílio Vaticano II, surgiram a necessidade de renovação e vários documentos sobre a vida paroquial, sempre buscando responder às exigências dos tempos. Antes catolicismo e cultura, espaço geográfico e espaço de fé estavam unidos e sem maiores problemas para a vida eclesial, mas hoje estamos em crise comunitária. Nosso modelo paroquial é bimilenar, respondeu por séculos às necessidades dos fiéis no seu contexto rural, mas a situação mudou e o sistema paroquial permaneceu. Por isso precisamos urgentemente sair do modelo estático de evangelização.

Para a renovação da paróquia e o bom desenvolvimento de sua comunicação, é fundamental, primeiro, ter presente que o pároco não é a paróquia – ambos têm identidades diferentes –, mas um depende do outro. A paróquia não pode se transformar na projeção do ego do padre. Comunicação é criar comunhão e participação entre todos.

Com o avanço das novas tecnologias e da informática, a paróquia precisa usar formas mais modernas para chegar aos jovens e às famílias. Precisa organizar a Pastoral da Comunicação, para promover melhor comunicação interna da Igreja, também por meio das redes sociais, fazendo suas atividades gerar notícias para as demais pastorais e para as pessoas que não frequentam o ambiente da igreja-templo.

Na Igreja, sobretudo a partir do papa Pio XII, em 1957, procurou-se organizar a comunicação interna e com a sociedade. Mas somente a partir do Concílio Vaticano II é que foi exigida das conferências episcopais e dioceses a criação urgente de um plano de pastoral da comunicação. No Brasil, a CNBB criou a Pascom – Pastoral da Comunicação, organizada em âmbito regional nas dioceses, paróquias e comunidades. A Pascom oferece formação, assessoria técnica e pastoral, com laboratórios e cursos. O objetivo é contribuir para a comunicação na paróquia. É importante lembrar que toda a paróquia e todas as suas atividades são comunicação, e não apenas o que é específico da Pascom. Sabemos o caminho para a renovação da paróquia; ele já está apontado nos documentos. Difícil é pôr em prática. Ainda nos falta aquele ardor missionário que exige conversão, mudança de postura e mentalidade, saída da zona de conforto.

Ao longo dos anos e sobretudo depois do Concílio Vaticano II, a Igreja e grande parte dos seus membros têm feito muitas reflexões, estabelecido princípios e prioridades, chamado à ação no campo da comunicação eclesial; diversos documentos importantes a respeito têm sido publicados. São necessárias atenção, disposição e iniciativas concretas para usufruir desses documentos e princípios, para pô-los em prática concretamente no dia a dia das paróquias e comunidades. Corremos o risco de ficar nos ideais elevados e esquecer coisas fundamentais, básicas e concretas da comunicação com os fiéis e com o público em geral. Neste artigo nos concentramos em elementos assim, básicos, fundamentais para a comunicação na Igreja, os quais, não obstante sua importância, às vezes ficam relegados a segundo plano: a sonorização das igrejas; a iluminação e a introspecção; a comunicação na secretaria paroquial; os leitores, a música e a liturgia.

(Continua no próximo artigo …) 

Por Helena Ribeiro Crépin / Natividade Pereira, fsp

Sobre as autoras:

Helena Ribeiro Crépin / Natividade Pereira, fsp

Helena Ribeiro Crépin é formada em Comunicação pela PUC-SP. Voluntária nas dioceses para a formação de atendimento na secretaria paroquial, é também cofundadora da empresa Ribeiro Comunicação. Especializada em sonorização, especialmente de igrejas católicas. E-mail: helena@ribeirocomunicacao.com.br / Site: www.ribeirocomunicacao.com.br

Natividade Pereira pertence à Congregação das Irmãs Paulinas e está voltando de missão de dois anos nos EUA. É artista plástica, graduada em Filosofia e mestra em Ciências da Religião pela PUC-SP. E-mail: [email protected]

Fonte: https://www.vidapastoral.com.br

 

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