“Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grande lamentação. É Raquel que chora seus filhos; ela não quer consolação, porque eles não existem mais”. Mt 2,18
Quanto Vale a Vida?
Em Brumadinho se ouve gritos, choros e lamentações. Um rio de lama tóxica, submergiu gente, planta, bicho. Tragédia anunciada! “Um crime ambiental e homicídio coletivo”.
Agora, vem o consolo, em forma de bônus, multas e bloqueios! Vale?
Nova Lima, Itabirito, Mirai, Mariana…
A estátua parada de olhos vendados, é lenta, não ouve, não sofre e não move. Ainda nos obriga ao refrão: “Acredito na justiça”, ao qual os pobres refutam, “na justiça divina”. Não há equilíbrio entre os pratos! Vale!
Os conglomerados financeiros apostam, não mais no trabalho. Vale, os papéis voláteis, da Vale. A especulação financeira corrompe as pessoas, no governo, no legislativo, nas secretarias, no dia a dia, da Vale. Sociedade das aparências.
O especulador é um avarento, coração de moeda dura, o sofrimento não o aflige. Ele se esqueceu que, “quando as fontes são usadas, a água fresca jorra cada vez para fora”, caso contrário, “ela se torna salobre”. A ganância não tem limites diante das pessoas e da natureza. Não há ética e lucro não tem coração.
Na sociedade normótica, tudo passa ser bobagem, pessoas, plantas, bichos. Governo, empresas e cada cidadão, em sua vida pessoal, são tomados pela mediocridade de pensamento. Mineradoras, agrotóxicos, desmatamentos… Nada nos incomoda. Vale?
Perdemos a capacidade de indignar-se, preferimos a amnésia, usamos óculos escuros e congelamos no prazer do consumo.
Indignar-se é compaixão, justiça e misericórdia. Indignar-se é o antivírus contra a acomodação e esquecimento.
Brumadinho não quer consolação! Não escondamos os rostos dos crucificados da lama, da Vale. Nada transforma a noite dos crucificados. Indignar-se é o raio de sol na noite de peregrinos, para mudar a visão e transformar esta dura realidade.
A caridade, solidariedade e justiça exigem luta permanente.
Pe.Warlem Dias