Assim que iniciamos esse tempo difícil de pandemia um dos primeiros movimentos para evitar a aglomeração foi o fechamento dos templos religiosos. Muitos outros lugares foram fechados e reabertos, e fechados novamente, e reabertos, nesse movimento descontrolado de desordens, desmandos e incoerências políticas. Ninguém soube dar uma orientação clara e objetiva. Isso acabou gerando medo e insegurança, além de uma instabilidade e desorganização social.
Os irmãos de diversos grupos e testemunho de fé, protestantes e espíritas, uma vez que são mais autônomos em suas conduções, reabriram assim que soltaram os primeiros anúncios de liberação. Nós católicos temos uma hierarquia eclesial que estuda colegialmente propostas e avaliações a serem encaminhadas. Mesmo depois de alguns posicionamentos da CNBB, as diocese também reavaliam e estudam as possibilidades locais e só então, trabalham concretamente uma decisão e ação pastoral.
Em agosto muitos templos católicos foram reabertos em Sete Lagoas. A pandemia ainda não acabou. No entanto, essa é uma ação pastoral de acolhimento, cuidado e doçura para a caminhada de fé. Não é hora de acentuar as divisões internas, que sempre existem em grupos e organizações humanas. É hora de nos fortalecermos na solidariedade e fraternidade.
Estou certo de que a reabertura dos templos não corresponde a uma abertura da Igreja. Essa, continua sua história de ações limitadas e contraditórias. Ainda não sabe os rumos de ação pastoral pós pandemia e teme o fracasso de suas estruturas abaladas e fragilizadas em tempos pós-modernos. Quer ser profética, no entanto, tem atitudes frias e tradicionalistas, conservadoras e pouco dialogais.
Os templos estão reabrindo, mas a verdadeira Igreja não estava fechada. A Igreja do coração e das orações em família, continuava a missão de promover a paz e o bem. Os templos estavam com as portas fechadas, mas as casas estavam cheias de atitudes e cuidados com os mais próximos, revelando uma intimidade divina. As estruturas institucionais eclesiais estavam com seus templos fechados, mas a missão cristã esteve e continuará aberta na ação dos cristãos enfermeiros, médicos e cuidadores, homens e mulheres dedicando a vida aos que mais sentiram as dores destes tempos. Além da ação da Igreja itinerante entre os sem teto da Ocupação Cidade de Deus, do Banco de Alimentos, das campanhas pelos famintos e angustiados, deprimidos e abandonados. Essa Igreja… nunca fechará suas portas testemunhais.
Pe.Evandro Alves